segunda-feira, 12 de julho de 2010

Capital

Meu porto de águas turvas
Tão distante de outros portos
Teu sol, que é só teu aos domingos
Teus pedintes orgulhosos
Teus poetas bebados e maltrapilhos
As praças pesadas e cheias de histórias
Deserto de asfalto nas madrugadas
Luzes sinuosas, janelas iluminadas
Esse céu pesado, chumbo e aço do outono
De quando em quando se abre
E banha de azul e dourado
Teu rio, que é mar e tempestade
Nas noites longas de suplício
Dor e delícia enclausurada
Solidão pre-planejada
Apartametos tão cheios de vazio
Meu porto de águas turvas
Meu triste porto
...

Rompimento

Me perco nos olhos vagos
Dos bebados atirados pelos quartos,
Uns sobre os outros,
Uma grande célula libertária,
Flanando no plasma atemporal,
Sintético e áspero que compõe a noite,
Unica e indivisivel,
Cheia de cenas "noir", nuances,
Memórias, cigarros.
Eu me perco dentro de mim
E te encontro. Esqueço o que eu sou,
E o que tu deixa de ser quando
Por uma palavra
Tudo desaba.
Bebo eu, bebe tu.
Quero de volta cada silencio
...
(para Henrique Wopala)