segunda-feira, 9 de junho de 2008

O Niilista

Eu sou uma pessoa simples
Procuro não complicar as coisas
A lucidez, pra mim é um estado transitório
E sem dúvidas necessário
Mas quem disser que nunca quis ter o poder
De abstrair a própria existencia
E flanar como um relampago num céu de prata
Estará certamente mentindo
Estou aqui, existo e penso e sinto
E tudo o que eu queria era férias disso tudo
Minha existencia não muda muita coisa
Não vou (e nem pretendo) mudar o mundo
Meus dias são vazios
O mais próximo que já cheguei da felicidade
É ter certeza de que para as pessoas que me são caras
Eu sou uma figura confortante
Houveram épocas em que fui mais intenso
Que causava inveja
Ódio em alguns, paixão em outros
Tinha ideais inabalaveis
Crenças misticas profundas e Liturgicas
Amigos etérnos, e amores pré-destinados
Mas o tempo passa A inocencia se vai esgoto abaixo
A duras penas aprendi que, nenhum ideal é o melhor ideal
Que a fé, é um meio de escapar a morte,
Há quem faça planos para uma vida póstuma,
E esquece de viver a vida bruta
Aprendi que contra a força não há argumentos
Que os amigos não vão estar ali pra sempre
Que o amor é só uma forma diferente de egoísmo
E que o destino não passa de conformismo disfarçado
Me tornei vazio, puro e constante
E me senti satisfeito
Pois vivia um dia de cada vez
Sem longos planos, pois estes não raro caem por água
Sem sentido ou motivo, assim como a existencia em si
Mas tanto tempo nessa clausura serena
Esta me levando ao desespero
Se não tenho motivo
Minha existencia é um paradoxo
Existo inerte
Decidi então procurar novos horizontes
Novas verdades
Mas o niilismo invencivel não permite que eu creia
E sem fé não há expectativa
Sem expectativa não há desilusão
Sem desilusão não há dor
Sem dor... não há nada...
Só o conhecimento liberta
E o conhecimento porém me aprisiona
Não anseio a morte
E nem tampouco uma vida longa
Sou escravo dos meus vicios
E escravo da minha mente
Tento desesperadamente recuperar minha alma
Achei que estava perdida com minha inocencia
Mas ela se perdeu em algum outro lugar
E eu já não tenho mais o que dizer
Não tenho mais significado
A pouco tempo atrás
Pensei ter encontrado a resposta
Me iludi por tempo suficiente
Enquanto meu coração pulsava e me dava um motivo
Mas sem que eu esperace... ele começou a ficar mais lento
E mais lento, até que parou novamente
Me devolvendo a razão e a clareza
Não me arrependo de nada
E prometo repetir o mesmo erro no futuro
É inebriante a paixão
É uma droga
Um veneno
Um remédio
...

Ao amigo Gustavo