segunda-feira, 30 de junho de 2008

Negro Amor

Que nas noites encontres descanso
Na ventania lúgubre da partida
Nas sombras dançantes de teu beco sem saída
Que encontres descanso

Eu provarei a pureza, no azul do céu
E provarei de pólvora e estrume no sangue de meu rival
E provarei no vento a liberdade
Inatingível, surreal
Como o amor, um sonho fantástico
Uma idéia Irreal

Na maquilagem de teu rosto, vejo falhas
Vejo a idade de um ancião
Na sabia moldura trincada
No som de teus passos
Na tua respiração
Lá esta, dormente aquela nota esquecida
Aquele acorde dissonante
Aquela discórdia paralítica
Aquele ódio maturado nos mais tradicionais barris

E nesta festa, somos páreas,
Abutres mendigando indiferença
Anjos escuros, sem pátria nem crença
Meninos perdidos
Hienas

...
Á primeira pessoa que significou algo pra mim :)

domingo, 29 de junho de 2008

Louca Sinfonia do Inverno

As ruas, molhadas da garoa ainda caindo
Me enchiam de um romantismo surreal
Caminhei saudando os ventos do inverno
O frio passava por minhas mãos intangivel
Ardendo deliciosamente como se me queimasse a carne
O Cigarro me descia rasgando a garganta,
Devia ser o milesimo, desde que acordara
A fumaça misturava-se a névoa de minha respiração
Andei, soturno encarando quem por mim passava

As ruas, Molhadas da garoa ainda caindo
Tinham um odor que não sei bem descrever
Era o cheiro da mais pura cocaina
Ainda fina como açúcar
E era simplesmente meu corpo
Pedindo mais uma dose
De qualquer remédio pra curar o dia
E a liberdade já ia longe...
E a leveza se foi com ela...
Enquanto Imergia em um poço de angustia calada

As Ruas molhadas da garoa ainda caindo
Continham meus gritos, em cada pedra
Cada Grão de areia
Meus gritos ecoavam
No infinito abismo da minha alma escura

Silencio...
Quebrado somente por meus passos
Andava só, pelas ruas, molhadas da garoa ainda caindo
Sobre meus ombros pesados.

...

Livros

Sei demais, Nada sei
Sou Sócrates, As vezes Platão
E fico negando ser tão Humano
E fico triste por tanto saber
E fico triste por saber tão pouco
Sou Rimbaud, ou talvez seja humano demasiado humano
E sinto, Sinto muito
Sou um alfa?... Um Gama?... Beta?!
Vou comer uma salada de Livros, Sabor Sofia
Ou vomitar essa merda toda que me Sufoca
E que me faz tão nobre, hipócrita e Pobre
Tão Deliciosamente Humano

...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Silencio

Silencio, O mais Absoluto silencio
Faça silencio com as palavras
Com os gestos, os olhares
A espreita, alguém observa tuas falhas

Silencio, doce silencio...
Soberano! Impera a noite,
Devora os lares
Só Quem escuta o silencio
Sabe quanto o silencio valhe

Um mar de silencio,
Cortante como navalha
Ofereço a ti meu silencio
E mais nada

...

A Um certo alguém :)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sagitário

Tenho um aparato
Guardado seguro atrás dos meus olhos fundos
É um instrumento de tortura
O mais vil e abstrato
Ele encanta e captura
É muito sofisticado
Tem mil e uma utilidades
Pode me levar embora
Ou congelar o dia
Como um retrato
Porém esta maravilhosa
Máquina de fazer estragos
Custa caro, Muito caro
E não é de dinheiro que falo
Falo de algo Velado
Que ninguém sabe que possui
Mas que quando se vai
Deixa um abismo no lugar
Este artefato idealizado
É uma mente cheia de prognosticos exatos
Medidos e Calculados
E o preço é maior que a vida
Quanto valhe a vida
De quem tem no peito um buraco?

...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Poetisa do Abismo

Um feitiço, palavras-abismo
Abrindo as portas de um quarto escondido
Dentro da sua cabeça
Você já sabia, estava dormente, Mas ainda vivo
Ela enxerga e cativa a falha mais fulgaz
Aquela que se guarda em silencio
O Ponto cego, calcanhar daquele cara grego
Não é um insulto, é um buraco
No final a gente se apaixona pelos defeitos
O Engraçado é quando a droga surte efeito
Aos poucos vai se perdendo o chão
Ela não conhece essa lucidez de que tanto se fala
Isso é balela, coisa inventada
Ficar louco faz parte da viagem
Um feitiço, palavras-abismo
Um soneto qualquer, nem precisa rimar
O importante é mexer
Fuçar nessa fenda enxague em sangue
Enquando ainda se pode sentir algo
Depois ela morre, a gente esquece um pouco
Mas continua ali, você sabe, ela percebe
Captando qualquer pedaço de poesia
Bebe uma garrafa inteira de lirismos modernos
Achando o elo perdido num desastre organizado
É o fantasma da bruxa
É o Caos personificado
Numa estranha melodia distorcida
Não há quem possa medir, apenas sentir
E no final nem bem importa o começo
Ou sequer os meios
Quando o grito ecoa, sempre há quem ouça
Solidão não é defeito
Nem tampouco paixão
É um pedaço da gente
Ficar louco faz parte da viagem
...
Á amiga e fantástica poetisa Juliana

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Soleil

Mais uma noite em claro
Meu rumo deve estar em algum lugar
Perdido entre as linhas emaranhadas do passado
Um dia encontro, jogado no fundo de alguma gaveta empoeirada
Enquanto isso me perco por caminhos Dubios
Tresloucado numa busca empírica por algo
Que transcenda a dureza do inevitavel
Alguma cura pra minha falta de fé
Um remédio para meu niilismo patológico,
Hereditario, Crônico, voraz, Sanguinario
Ao menos tenho a ti
Um amor inventado
De palavras poucas e olhares calados
E me pego rindo sozinho
No meio da madrugada
Sem café ou cigarros
"É perfeitamente compreensivel"
Se fosse nem seria necessario
...

Ode ao Absurdo

Tenho tudo organizado
Rotulado, Lacrado, Enumerado, Emoldurado
21 gramas Libertas
Flutuando pelos cantos escuros
Do meu quarto abandonado
Tenho uma bandeira
Um signo sob o qual nos unimos
A Lua brilha, a chuva cai mansa
E tudo esta no lugar onde deveria estar
Não devemos Mexer, Manchar, Macular
Não devemos mudar
O Risco é a felicidade
Lançada ao abismo
Rogo, Não se deixem domesticar
Queimarei tudo
As fotos, os fatos
Lavaremos juntos os pratos
Num fim de noite cansado
Um cansaço gordo
Como um riso ou abraço
E queimaremos tudo
A casa, As fotos, Os fatos
...

sábado, 21 de junho de 2008

O Poeta

A rima não domina o poeta
Tão pouco o bom poeta domina a rima
Pois a alma é nota dissonante...
Pois a alma é conta inexata...
Pois a alma é retrato abstrato...
Pois o bom poeta leva a alma no tinteiro
O bom poeta tem a alma na ponta da caneta.
...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Cognhaque

Meu sangue é destilado, como álcool ou veneno
Corre nas minhas entranhas como ácido
Corrói o que há por dentro
Escapa de minha boca áspero
Em forma de palavras
Nas noites sós me lembra aos gritos
De todo esse tempo perdido
Buscando fardas e hinos de todas as tribos
Nos dias quentes me mata devagar
Me faz uivar de desejo pela lua
Pelos prazeres da noite
E do silencio fazer meu discurso
E da solidão fazer meu cortejo
E do fascínio fazer minha arma
Meu martelo de quebrar almas
Da Retidão fazemos troça!
Da rebeldia nosso lema
Sejamos crianças até o raiar do dia
Meninos problema
Atirados nos guetos do lado escuro da vida
Sejamos felizes
mas só até o raiar do dia

...
...Jo Tengo Tantos Hermanos Que no los Puedo Contar...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A Cura

Lixo, Pó e Cinzas
Asquerozo, deita-se sobre uma cama florida de espinhos
Lavra a própria pele sorrindo
Salta e se larga suicida ao chão
Com um riso Inclemente
Implora atenção
Banhado no próprio sangue ignoto
Senta-se a um canto, só
E murmura pesos pra fora da alma
Rezando por um olhar esquivo
Que reconheça sua dor em silencio
Bebe vodka Pura
Devora os filtros vermelhos dos cigarros caros
Escreve a noite poesias impiedosas
Irracivel, Insone
Mastiga as aranhas que povoam
Os marcos enegrecidos dos armarios
A um tempo, é Idolo e Idólatra,
Vital e Suicida, Culto e estúpido,
Criança e Adulto,
Lançado só a penuria do mundo
Ai de mim, rumo a um futuro de Lirismos escuros
Uma orquestra de erros, um soneto de fugas
Uma Tragédia de Lixo, Pó e Cinzas
...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Canção da Inocencia

I
Voa Rebento, Filho ilegítimo dos quatro Ventos
Voa para além dos reinos do Pensamento
No encantador Vale da Memória, Encontra Alento
Voa Rebento, Deixa tuas lagrimas na Rua
Deixa tuas lagrimas em Casa
Pai e Filho, Nasceste póstumo
Teu rumo, a ti não pertence
O ventre Gentil (outrora tua morada)
Agora Invoca Asco que tal Sem par
Deita as pernas de tua Rival, Mente tuas angustias
Mas o que por hora te aperta o peito infantil?
Um Segredo que pertence ao mundo, Já não mais segredo
Ser duas vezes melhor cabe ao diferente
E se Não pudesses, Devorariam-te
Protege-te do Porvir
Esconde-te das Quimeras que rondam o Âmago de teu ser
Tua Alma Juvenil

II
Se Selvagem (arisco)
Mata no sangue tua sede
Fazei da vergonha tua arma
Fazei do ódio teu Irmão
Da Solidão teu escudo E da indiferença teu licor
Tenha-os sempre a teu lado
Fazei deles teus anjos sagrados
Esquece-te da Luz do teu sorriso
Apaga os Sonhos em teus olhos
Ao amor Um escarro

...
A meus pais

terça-feira, 17 de junho de 2008

Avesso

Não sou o classico apaixonado
Não passo horas pensando em você
Ou falo seu nome baixinho
Não faço questão que seja só meu
Não faço questão de ser só teu
Não choro quando acho
Que esta tudo desmoronando
Nem quando me corta com palavras frias
...
Não sou o classico apaixonado
Não fico cego a ponto de andar em circulos
Não escolhi um filme e uma música
Pro nosso romance
Não ascendi velas ou insenços
Não fiz promessas etérnas
Nem disse o quanto te amava
...
Não sou o classico apaixonado
E nem nunca serei
Você é como o personagem de um filme
Que eu sempre gostei
Teu sorriso sempre vai estar lá
Quando eu fechar os olhos a noite
Mesmo que não te veja mais
Que não te sinta mais
Que não te ame mais
Será sempre o Herói fantástico ideal
Cheio de subterfugios e segredos
Mesmo que não seja verdade
...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Concertos Carnais

Andemos atraídos pela energia hermética inerente,
A libido, o diabo, o que for!
Que seja por ódio ou amor
Que seja selvagem como um trovão
Que seja sempre e sempre mais!

A carne arde na noite fria,
Dois corpos ressoando em harmonia
Num ritmo de louca orgia
O odor deliciosamente infernal contaminando a narina
Caricias bruscas que machucam e dão prazer
Buscando penitencia nos braços de outro ser
Buscando 8 segundos de paraíso

...
Ao amigo Fernando (Manfredini)

domingo, 15 de junho de 2008

Mar de Gente

Ter um rosto igual, passar por tantos outros
Todos tão iguais, aqui, ali em toda parte
Pulsam mentes, corre sangue
Milhões de resquicios, pensamentos perdidos
Milhões de olhares de todas as cores
Olhos cinza, sem uma história
Simplesmente lançados ao vazio
Milhões de palavras, gritos mudos
Uma sinfonia de vozes perdidas
E eu vago
Com meu rosto tão igual, entre tantos outros
Todos tão iguais, com meus olhos cinza
Com meus olhos de todas as cores
Com meu sangue pulsante
Independente de tantos outros corações
E meus pensamentos presos nesse vão
Neste atelie de vida, este organismo em chamas
Alheio a tudo, Alheio a todos
Tão soberano quanto o estranho que cruza meu caminho
Vago em silencio
Neste mar de luz

...

Este poema escrevi durante o tempo em que cursei a ulbra... dias de isolamento

Alma

Olhando Através de um caleidoscópio
De idéias quebradas
Só o que se vê são ideais
A verdade da essência dorme
Poucos a vêem no tempo de uma vida
Sabei porem que a arte é o martelo
Que destrói as cenas e as mascaras
Deixando aberta a alma à nua visão
Há quem chore no escuro
E há quem ria da solidão
Mas não...
Não há quem não a veja.
...
Ao amigo Guilherme Ervella (Sancho)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Poema Vadio

Viver é um vício, largar é difícil
Transas etílicas sempre foram parte de mim
e parte dos outros
Nada como uma Foda ética, sexo verbal
A La Platão, Amor transcendental
Sem corpos vibrando
Nem suor nem sangue pulsando
Só o vinho amargo pra contrastar com o incenso
Cenas sobrepostas
Um filme de silêncios
musical Púrpura
Uma história de amores Vadios
Cheios, Ocos, Amor por Amor enfim.
...
A Amiga e Mentora Vanusa

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Dança

Dai-me de beber
Já não aguento essa sede
Sou teu leal carrasco
E administro os venenos
Hora a hora, para que tua podridão
Seja serena e silenciosa
Como o tempo que passa
Deixando Rugas e Flores
Sem métrica ou piedade
Lavrando de cicatrizes minha carcaça
Dai-me de beber
Por Deus só um gole peço
E cruel você me nega
Como quem diz não a uma criança
E depois me banha nas águas do teu intimo
Me deixando novamente esperança
Dança cruel, pois não termina
Há sempre um passo sustenido
Aguardando sua Chance
E eu tolo que sou, Danço.
...

Ao amigo José Kunz

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Poesia Canibal

Você é o que você come
Carne sangue e ossos
Pedaços de bixos mortos
Uma mesa repleta de Corpos
Vamos a caça
Saciar nossa fome morbida
Veja, ainda esta fresco
Quase pulsante
E nas mesas fartas dos necrotérios
a mesma carne
Pensamento aberrante
Faz do homem mais que homem
Um Deus Da Sangria
Predador e presa
Escravo de si
Homem errante nunca desperta
Preso em um mundo de idéias
(Os grilhoes da certeza)
Plantemos corpos
Pra que nossos filhos
Não tenham de comer seus mortos

...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Roda Gigante

Tudo gira em cores desbotadas
De séculos e idéias passadas
Tudo gira aqui dentro
E me divirto
Com os Efeitos desse Louco Veneno
Que me leva de mim
Me faz ausente
Alheio as luzes
Volitando solitario
Entre lírios Recem floridos
Me faz dormente
Ignorante do presente
E aqui dentro só o que me preocupa
É saber onde encosto meu pescoço
Giram luzes, mil flores desbotadas
Gira o céu, enxota-me a terra
Giro eu pra além de qualquer lugar conhecido
Só, girando demente
Entre os lírios recem floridos
Do meu sonho inerte
...
Ao amigo Jhonnie Walker. XD

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O Niilista

Eu sou uma pessoa simples
Procuro não complicar as coisas
A lucidez, pra mim é um estado transitório
E sem dúvidas necessário
Mas quem disser que nunca quis ter o poder
De abstrair a própria existencia
E flanar como um relampago num céu de prata
Estará certamente mentindo
Estou aqui, existo e penso e sinto
E tudo o que eu queria era férias disso tudo
Minha existencia não muda muita coisa
Não vou (e nem pretendo) mudar o mundo
Meus dias são vazios
O mais próximo que já cheguei da felicidade
É ter certeza de que para as pessoas que me são caras
Eu sou uma figura confortante
Houveram épocas em que fui mais intenso
Que causava inveja
Ódio em alguns, paixão em outros
Tinha ideais inabalaveis
Crenças misticas profundas e Liturgicas
Amigos etérnos, e amores pré-destinados
Mas o tempo passa A inocencia se vai esgoto abaixo
A duras penas aprendi que, nenhum ideal é o melhor ideal
Que a fé, é um meio de escapar a morte,
Há quem faça planos para uma vida póstuma,
E esquece de viver a vida bruta
Aprendi que contra a força não há argumentos
Que os amigos não vão estar ali pra sempre
Que o amor é só uma forma diferente de egoísmo
E que o destino não passa de conformismo disfarçado
Me tornei vazio, puro e constante
E me senti satisfeito
Pois vivia um dia de cada vez
Sem longos planos, pois estes não raro caem por água
Sem sentido ou motivo, assim como a existencia em si
Mas tanto tempo nessa clausura serena
Esta me levando ao desespero
Se não tenho motivo
Minha existencia é um paradoxo
Existo inerte
Decidi então procurar novos horizontes
Novas verdades
Mas o niilismo invencivel não permite que eu creia
E sem fé não há expectativa
Sem expectativa não há desilusão
Sem desilusão não há dor
Sem dor... não há nada...
Só o conhecimento liberta
E o conhecimento porém me aprisiona
Não anseio a morte
E nem tampouco uma vida longa
Sou escravo dos meus vicios
E escravo da minha mente
Tento desesperadamente recuperar minha alma
Achei que estava perdida com minha inocencia
Mas ela se perdeu em algum outro lugar
E eu já não tenho mais o que dizer
Não tenho mais significado
A pouco tempo atrás
Pensei ter encontrado a resposta
Me iludi por tempo suficiente
Enquanto meu coração pulsava e me dava um motivo
Mas sem que eu esperace... ele começou a ficar mais lento
E mais lento, até que parou novamente
Me devolvendo a razão e a clareza
Não me arrependo de nada
E prometo repetir o mesmo erro no futuro
É inebriante a paixão
É uma droga
Um veneno
Um remédio
...

Ao amigo Gustavo