quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Divida social (crônica)

Se você já leu “O cobrador” do mestre Ruben Fonseca sabe exatamente sobre o que se trata o texto a seguir. Parece que de repente silenciosamente instalou-se uma consciência mutua, uma espécie de distorção de senso comum, aberração da lógica.
Você anda pelas ruas com seus trocados no bolso e alguém te aborda com os olhos molhados de cachorro, e diz algo do gênero – Por favor, preciso só de uns trocados pra comprar algo pra comer, ou pra ajudar em casa – sempre alguma história infindável cheia de desgraças e infortúnios os quais você com sua agenda de cidadão normal não terá a oportunidade de verificar se são verdadeiros ou não, conferindo então uma espécie de inocuidade as palavras do morador de rua, ou do malandro. Senso comum diz: os trocados são meus, e eu não sou rico. Até mais quem precisa de caridade sou eu, que não tenho às vezes pro cigarro ou pra passagem. Ai você alcança ao pedinte algumas moedas, e em quinze minutos ele passa novamente por você com a mesma história sem nem lembrar quem diabos deu a ele os trocados, foram tantos afinal. Ainda assim ele continua pedindo, por que veja bem, Senso comum diz: Se você pedir, eventualmente alguém vai dar. E no fim da noite ele esta abarrotado de trocados, claro ele podia estar roubando, podia estar matando, mas não! Ele esta honestamente pedindo! Como se o fato de não roubar nem matar fizessem dele um super ser humano, uma criatura pia e digna de auxilio imediato. Caso você não de as malditas moedas, porém, ele mandara você a merda, ao inferno, vai te chamar de trouxa e te mostrar um bolo enorme de notas ou um bolso abarrotado de moedas, quem sabe até te roube ou te bata. Quando recebem um não eles se enfurecem. E me diga, se você sair por ai com a mesma atitude, qual será o resultado? Eu tenho um amigo que quando diz um não a um pedinte, simplesmente abre o coração e pede um bilhão de desculpas, algo do tipo – Desculpa, mas é que eu realmente não posso só tenho o dinheiro da passagem e tenho que chegar em casa logo se não meu pai me mata, mas se quiser eu te dou um cigarro, quer um gole de cerveja? Um abraço? – E esse amigo nem sequer entende o absurdo de ter de explicar ao pedinte que ele não vai lhe dar moedas simplesmente porque ele não tem vontade de lhe dar nada. Nem o conhece, não sente a menor simpatia pelo infeliz que ainda vem pedir com um tom inquisitorial como uma ameaça, algo do tipo me de moedas ou arranho seu carro. Faça o teste, pergunte ao flanelinha qual é o seu carro. Diga ao pedinte que não vai lhe dar nada, simplesmente por que não lhe deve nada. Eles ficam sem reação! É um absurdo! Você tem! Você tem e não vai me dar! Se você for pequeno ele talvez até te ameace ou te de uma surra. Sendo grande ele só vai te olhar feio e ir pedir ao próximo idiota, e ao próximo e ao próximo até acumular o suficiente pra comprar uma garrafa de cachaça e umas cachimbadas de crack. Há claro o morador de rua que realmente não tem condições de reintegrar-se a sociedade, doente mental, marginalizado. Mas este não pede, ou quando pede, pede com o tom correto o tom de pedido, sem histórias enooormes e enfadonhas que quase te fazem pegar no sono. Ele pede o suficiente pra continuar existindo.
E fato é que não somos camada privilegiada, a camada privilegiada não anda onde tem pedintes (cruzes que nojo!), somos o próprio proletariado, alguns levemente mais favorecidos outros quase tão pobres quanto os próprios pedintes, e eles nos vêem como os imaculados burgueses, nas nossas roupas novas e limpas bebendo cerveja pelos guetos da cidade.
Aí é que se enganam. Eles vêem que temos um pouquinho de dignidade, e se revoltam por ter isso a eles negado. Como se a culpa fosse toda nossa, e não é!
A culpa é da má distribuição de renda, é dos impostos absurdos, é da falta de assistência de saúde e educação a culpa é de todos nós, desde o mais imundo pedinte até o mais imaculado presidente de câmara. Mas quem é que se fode? Eu! Eu e você!

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Urbano

Árvores estéreis que brotam do concreto
Pequenos bancos assimétricos de madeira
Onde sentam sob o sol gotejante
Famílias inteiras
Fumando seus cachimbos de pedra
Volita em torno de um obá gigantesco
Um ser de éter cavalgando metal polido e plástico
Imerso em pensamentos vãos e vagos
Ouvidos cobertos pela música soando nos fones

Um organismo complexo, quase simbiótico
Mas não se olham, calam e seguem
E já as sete, o mundo todo apodrece
Vermes pulsam esgoto a fora
Contorcem-se ao som das buzinas e a luz dos faróis
Sob o sinal vermelho um cadáver dança
Vestido de homem negro

Monóxido de carbono substitui o oxigênio
Todos olham para o chão, mortos de medo
E a violência e o abandono sente-se no ar
Uma criança revira o lixo a caça de alimento
E a própria lua se tinge de vermelho
Tamanha a podridão e o desespero

Um homem de espartilho sorri na penumbra
Uma mulher dança nua sob o colo de um desconhecido
Um grito ecoa. Um grito de cordeiro novo
Me da um cigarro, umas moedas pro leite,
Pro remédio da minha mulher
Um grito de cordeiro novo
No fundo d’um beco
O pleno som do aborto

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Uma doença da alma

É terça feira, não sei o dia exato do mês
Dezembro, o verão se esta iniciando
Hoje choveu uma chuva estranha
Intensa, mas que passou logo
Como fosse uma nuvem passageira
Eu limpava a casa, minha casa
E um pensamento me emboscava
Como um assassino sorrateiro
Cercando-me como uma presa
E eu como um animal indefeso não o pressentia
Ele ia circulando sempre acima de minha razão
Ou por vezes abaixo
Movendo-se em círculos
Esperando o momento de emergir
Eu limpava o chão
E como surgindo do nada
Senti uma súbita falta de ar
Um peso no corpo todo
Uma sensação extrema de mal estar
Pensei estar doente quem sabe
Um tanto incrédulo e assustado
Tossi como para expurgar aquele mau augurio,
Deixei meus afazeres por um minuto
Ainda em pé sobre o pano
Imaginando o que haveria de ser
Aquele terrível mal estar repentino
Pesquei dentro dos pensamentos
Que estavam mais a tona
A imagem de alguém
Não era alguém na verdade
Era a memória clara de um momento
Um momento no qual não pensava havia muito tempo
Estranhei-me por relembrar coisa tão remota
Meus olhos encheram-se de água
Mas não sentia o ímpeto tão pouco a vontade de chorar
A sensação persistia cada vez mais sufocante
Afastei-me da parede e andei até a porta aberta
Chovia forte e violentamente
Exatamente como naquele dia
Aquele dia de verão
Te vi sorrindo e sorri também
A sensação foi se dissipando
Quando pensei em onde estaria você agora
Nos braços de outro por certo
Faz tanto tempo
Olhei a chuva com atenção por um minuto
Vi tua imagem feliz ao lado de outra pessoa
Vi a mim também
Feliz ainda que sozinho
(talvez feliz por estar sozinho)
E decidi então chamar esta sensação de saudade
Uma saudade morta
Um estranho desejo de lembrar apenas
Como quem lembra a infância
Sem desejar que ela retorne

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Âmago

Dentro de nós existe um porto
Cada qual com suas maravilhas e quimeras
Gosto de chamar assim este lugar secreto
Pela razão de que, nenhum porto é deserto
Por mais negro e soturno que seja
Sempre são eleitos
Alguns estrangeiros para habitar o porto dentro de nós
Eles chegam e se vão, em embarcações
Oriundas de seus próprios portos
Pois para se conquistar um lugar dentro de alguém
Devemos conquistar primeiro suas águas
Devemos lançar em mares que desconhecemos
Um pouco de nós, para que assim vejamos com nossos olhos
Toquemos com nossos dedos
Averigüemos com nossos narizes e línguas
O verdadeiro sabor que tem a água e a terra deste novo porto
A principio vê-se só a superfície
Das águas cheia de mistérios
Acobertando a natureza das areias abaixo
Ainda secretas a nossos olhos
Á conquista das águas
Pode ser imediata ou trabalhosa
Alguns mares são bravios e tempestuosos
Outros mansos e tropicais
Outros ainda salpicados de rochedos ameaçadores
Alguns tomados de correntes traiçoeiras
Às vezes quando achamos que se vê terra logo adiante
É apenas uma miragem
Um canto enganoso de sereia
Passadas as águas
Estaremos seguros enfim
Sempre cativos desse porto amigo ou amado
Devemos aprender a conviver com seus nativos
Mantendo nossos portos a eles também abertos
Dentro de ti há um porto
E teus olhos são faróis
Que chamam navios as tuas bahias ensolaradas
Tuas palavras são o mar por onde navegarão os aventureiros
Caso desejem realmente conhecer tuas areias
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Paranóias domésticas (crônica)

100% dos acidentes domésticos acontecem dentro de casa, motivo para preocupação, obviamente, já que nos tempos modernos temos como costume morar em casas e passar grande parte do dia e da noite sentados sobre uma bomba relógio.
Claro que não paro pra pensar nisso o tempo todo, mas há coisas que por vezes me assombram os pensamentos e me roubam o sono, quando discorro sobre suas utilidades práticas e seus benefícios e peso-os contra seus inconvenientes e perigos imediatos.
Regularmente uma pessoa de saúde mental estável sente-se segura dentro de casa.
Aí é que ela se engana! Pois é necessariamente neste tipo de recinto e desse tipo de espírito ingênuo que se aproveitam estes embosqueiros assassinos.
A casa moderna esta abarrotado de armas mortais, portanto devemos estar sempre alertas. Na rua, por exemplo, corremos risco de ser assaltados, insultados dentre outras catástrofes cotidianas, porém não se corre tanto risco de ser eletrocutado queimado, esfolado, enfim, vilipendiado de qualquer forma terrível.
Claro que, dentro de nossas casas estamos a salvo de vagabundos, viciados e pessoas agressivas (via de regra), mas o que me preocupa afinal são, por exemplo, as arvores de natal... Sim estas aparentemente inofensivas decorações da data cristã são na verdade ARMAS MORTAIS, prontas a eletrocutar uma pessoa a qualquer segundo sem ao menos sentir remorso ou vergonha de tamanha vilania gratuita.
Aquelas luzinhas piscantes letalmente eletrificadas por uma corrente de 110 a 220 V não servem a qualquer propósito a não ser o de eletrocutar uma criança curiosa (me deixa ligar pai) ou um descuidado chefe de família que por ventura tenha problemas em fazê-las funcionar (considero funcionar uma palavra estranhíssima de se aplicar nesse caso, pois as mesmas não possuem qualquer utilidade).
Claro que estas representam um perigo ínfimo, por fazerem-se presentes somente no mês de dezembro perto da data comemorativa, se comparadas a outras armas mortais como: ferros de passar quentíssimos, chuveiros ELÉTRICOS, microondas com sua radioatividade invisível e geladeiras com suas repentinas crises de mau-funcionamento. E olhem que ainda nem falei dos fogões... Os famigerados cuspidores de chamas que por sua vez já asfixiaram famílias inteiras com seu invisível e sórdido combustível. Repito: FAMILIAS INTEIRAS! E não se trata de paranóia, é uma questão seriíssima. O que aconteceria se por ventura seu chuveiro de uma noite para outra (como estas ratoeiras de homens tem o hábito de fazer) decidisse apresentar um mau-funcionamento na sua simplista estrutura de aquecimento de água movida a eletricidade? (água mais eletricidade, combinação que certamente foi pensada por algum gênio malvado) quem saberia? Permaneceria um silencio funesto até que o primeiro azarado sofresse a influencia cruel e irremediável não do destino, mas sim do chuveiro. Sendo assassinado pela fulminante descarga elétrica sem nem saber o que se passou. Ou quem sabe um idoso que não conheça o correto funcionamento de um aparelho de microondas. Aquecendo metais na máquina radioativa.
Projetando toda aquela irradiação poderosa contra o aparelho e facilmente provocando um incêndio de proporções abissais! Que me dirão da empregada que esquece o quentíssimo ferro ligado sobre o veludo ou pano e causa da mesma maneira um incêndio? E da dona de casa que muito cansada esqueceu-se da boca de gás do fogão aberta?
Então meus caros, atesto que por mim, estes aparatos não são nada além de problema claro que se encontra conforto QUANDO (e somente QUANDO) estes funcionam corretamente. Mas vale a pena viver temendo a cólera dos eletrodomésticos? O que não faria uma batedeira nas mãos erradas?
Podem dizer que é paranóia, minhas opiniões são finais e insolúveis! E me encontro irredutível ao dizer que mesmo a mais singela lâmpada é na verdade o inicio da revolta das máquinas, com seus potenciais sádicos e inconcebíveis. Seus silencio e ausência de uma consciência.
(Neste instante enquanto termino de digitar o texto, meu laptop em um ato de desespero contra a expedição deste aviso tão coerente alertando do perigo que nos cerca desferiu-me um pequeno choque nas mãos, e se isso não servir como prova o suficiente, não sei o que servirá)

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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Knight in Shiny Armor

De sonhar acordado
Algo que traga alguma sobrea segurança
De fexar os olhos
E Sentir tudo girar
Sonhar acordado
De olhos fexados
Suicidio consciente e premeditado
Esperando simplesmente
Sonhar acordado
Os pés erram os passos
Os caminhos se entrelaçam ao acaso
E enquanto meu corpo cai
E a gravidade me cola ao chão
Surge do azul um anjo
Bastardo e pagão
Que me leva pra casa
E me faz sonhar acordado
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Francamente Veronica

I
Rá! Que banal
Cocainomano casual
A distimia te pegou hã?
Uma disfagia de verbos
Vomito em jatos, quente e fétido
Esgotaram-se os verbetes incertos...
Esgotaram-se a paciencia e a paixão...
E com um estranho humor
Letal como fel
Fez d'um dia comum
A piada mais cruel
...
II
Á tres dias já não como
Á tres meses que não durmo
Á tres anos já não fodo
Á tres horas que não fumo
Não é trigo nem joio
É uma coisa diferente
Parte aparte dessa cena deprimente
Um palhaço fumando um cigarro
Uma criança feliz sodomizada
É um vicio que faz bem
Ataques cardiacos, Bolsa de valores
Stress, suor, poeira
Carro do ano, mulher gostosa, pica grande
Qualquer coisa que faça valer a pena...
Qualquer coisa que faça o dia valer a pena...
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Apatia

Pandemia de apatia
Apatia pra todos os lados
Ninguém se importa
Esse é o bordão
O X da questão
Talvez seja melhor
Grande coisa morar na rua
Eu também tenho problemas
E eu com isso que tu ta com fome
Eu trabalho por esse dinheiro
E se alguém morre
No fim é só noticia
Aquelas senhoras de óculos grossos
Olham na TV e dizem:
-Ho Coitado!
E deu, para por ai
Amanhã tem mais um saco de mortos
E no dia seguinte mais e mais
Talvez o problema seja a comunicação
Saber demais sempre fode a cabeça
Já dizia Platão (não, na verdade não)
Pandemia de apatia
Apatia pra todos os gostos
Ninguém se importa
E porque deveria?
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

04:43 am

E o problema talvez
Se resuma a deixar pra traz
Amar... e deixar pra traz...
De qualquer forma
Escapa a qualquer entendimento
Meu entendimento sendo "qualquer"
E é tudo tão natural
Tão natural quanto um abraço
Ou um beijo no rosto
Mas nada mais
Nada demais enfim
E fico lembrando de coisas remotas
Nada remotas
E fico pensando em como seria
Se nos entregassemos por inteiro
E amanhã nem bem soubessemos do outro
Como costumeiramente acontece
Talvez esse deixar pra traz
Seja o que impede tudo
E o "tudo" é o que deixamos pra traz
Vilipendiando a razão desenfreada de um
E acalentando o medo timido de outro
O caso é insoluvel
Como aquario e escorpião
Sagitario e touro
Virgem e leão
E do caso que seria "o caso"
Não temos noticia
É puro boato
Malicia desse povo torto
E ainda assim... não abro mão
De te ouvir dizer não
E sei que não abres mão
De me dizer não também

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domingo, 12 de outubro de 2008

Mil Cores e Mascaras (crônica)

Pintar as unhas, procedimento que leva cerca de meia hora
Isso é claro sem contar o tempo delas secarem
A cor que se escolhe tem sempre um significado
Condizente com o humor ou personalidade
A mim particularmente sempre chamaram mais atenção
As mulheres que não as pintam
Nem tampouco o rosto ou os cabelos
Essas tem um ar mais honesto e jovial (via de regra)
São como são, simplesmente
Despidas de cores espalhafatosas e irreais
E, como tudo o que é espontâneo (ou quase tudo)
São vistas como aberrantes
Há um certo preconceito
Uma revolta contra se ser o que é
Sem se preocupar com as consequências (sejam essas quais forem)
Certas mulheres não saem de casa antes de
Fazer chapinha, pintar e tingir tudo quanto se possa imaginar
Passar glitter, gloss, rimel, perfume
E desfilar porta a fora toda colorida e montada
Como um travesti, palhaço de circo ou gueixa
Vai entender.
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sábado, 11 de outubro de 2008

Preconceito (crônica)

Estamos em 2008, quase 2009 e circula mídia a fora
Um discurso super nobre, Algo do tipo: "Preconceito é babaquice, somos todos iguais."
Papo furado é claro, mas ta por ai, e agora todo mundo anda meio mascarado
Algo do tipo: "Eu não sou racista, mas beijar um negro cruuuuzes que nojo!"
Acho que no fundo preconceito é algo humano, que nem a fé
(você não vê macaco acendendo velas pra Ogum, nem cachorro rezando ave Maria)
O caso é que, até algumas décadas atrás,
Preto não entrava em igreja, e nem jogava bola no Gremio (Deus o livre!)
Bixa? Bixa era transviado, ia pro manicomio (Viva a psicologia!)
Se você for contar quantos brancos tem numa favela vai notar que não são muitos não
O mesmo calculo se aplica na contagem de quantos negros estão em Wall Street
Dando as cartas e mandando chuva.
Aponte pra mim quantos ocidentais negros chegaram a presidencia...
Aponte agora quantas mulheres chegaram a presidencia...
Igualdade é o meu caralho!
Ta tudo no mesmo lugar só o que mudou foi o discurso.
Eu por exemplo sou cheio de preconceitos!
Não gosto de crente, de gente que fuma crack, odeio funk, detesto futebol
E vomito se assistir novela ou filme dublado!
Isso sem falar em metaleiros, pseudo-intelectuais, gente rica demais, gente pobre demais
Gente que não tem dentes, gente porca, politicos, apresentadores de talk show
Pssss... a lista é interminavel!
Preconceito TODO mundo tem, quais são os seus?
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sábado, 4 de outubro de 2008

L'amour

De um dia para o outro
Concretizou todas aquelas
Inuteis e inumeras tentativas
Se via limpo, sóbreo
Nada além de sangue corria em suas veias
Nem mesmo o alcool
Aquele que fora sempre seu companheiro
Voltou a estudar
Arranjou um emprego como professor
Pensou em todas as pessoas
Que trocou pelos vicios
E sentiu-se só novamente
Não que isso fosse novo
Era um lugar comum
Para o qual retornava
Noite ou outra
-
E numa dessas
Acabou por avistar uma menina
Comum assim como ele
Não era perfeita e esbelta
Tinha uma aparencia inteligente e distante
Nada de sintético ou modelado
E ainda assim, tão bonita
E sentiu despertar derrepente
Algo a tempos perdido
Apaixonou-se instantâneamente
Sentado naquele banco de praça
Comendo o sanduíche
Que substituia o seu almoço
E mesmo notando suas resoluções
Renegando essa paixão recem descoberta
Permitiu-se a indulgencia de ama-la
Naquele isntante
Ama-la com os olhos simplesmente
Ela sentava num banco frente ao seu
Lia um livro saboreando-o
Logo se levantou e foi-se embora
Sem sequer lançar um misero olhar de despedida
-
No dia seguinte ele sentou no banco adjecente
Esperou por ela religiosamente
Ela não veio, ele permaneceu
Imaginando se fora só acaso
Dias depois encontrou-a numa festa
Em meio a amigos
Aproximou-se voraz em desespero
Somente para recuar quando sentiu seu cheiro
Sentiu os dentes trincarem ao mero odor da cocaina
Sentiu o estomago embrulhar ao inalar o odor do alcool
E sentiu o coração encolher, Como uma flor que murcha no inverno
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Depois do Carnaval

Fiz uma lista
Pra não me perder
Nas próximas 24 horas
Chorei dormindo
E sonhei com um lugar tranquilo
Rezei três dias
Para cada dia perdido
Reguei as plantas
Para mante-las vivas até o verão
Deixei a mim de lado
E fiz tudo por um irmão
Dizem que combino com a solidão
Tem gente que não sabe ler
Tem gente que não sabe dizer não
Eu não sei dançar
E não sei ser qualquer outra coisa
Que não seja eu
...

Eu e o Céu

Perdi meu rosto
E agora tudo é pequeno
A lastima, esse olhar obceno
Não guardo
Quero o mundo aos pedaços
Sem nada de grande ou verdadeiro
O sabor da liberdade
Parece de remédio, Traiçoeiro
Um abismo
E hoje a noite sou um deus
Com meus amores certeiros
Sem nomes, telefones ou endereços
- Hoje a noite, somos só eu e o céu
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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Diana (Dama Branca)

Eu sou a tua morte
Branca e cristalina
E te encaro com trejeitos
Dominante, Deliciosa
Me busca na distancia
Me caça pelo cheiro
Ignora a tudo o que sabe pra estar comigo
Me devorar num lépido instante
Eu sou a euforia
E te faço potente e imortal
Um Deus três vezes ungido
Senhor da guerra
Afrodite da beleza masculina
O mais sábio dos profetas
E te abandono ao sono
Antes do raiar do dia
Para que sonhes comigo de novo
Eu sou a tua morte
Numa linda e demente fantasia
...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Câncer

Me da tua mão
Toca meu rosto
Sente minha face
Já que te recusas a me ver de verdade
Me beija a boca
Sente meu veneno
Te embriaga com meu cheiro
Me chama de amigo
Me sente perto
Descansa sobre meu peito
Sou todo teu
Enquanto estiver aqui
E quando partir
Serei diferente
Tu me conheces bem
E ainda assim insiste em me ter por perto
Eu sou a tua morte
E bato na tua janela a noite
E te peço abrigo e carinho
E tu me acolhe
Estende o braço ao abismo
Somos o fim um do outro
Amantes e assassinos
...

Arlequim

Que venha a hora inclemente
O ápice da loucura infante
Subto como um raio
Que fulmine
E que da dor lancinante
Brotem flores vivas
Violetas, lindas violetas brancas
E do idolo que se tornou
Toda verdade sangrou
Numa hemorragia de verbos mentirosos
Caminhei tanto meu amigo
E agora que cheguei
Me vejo ainda mais sozinho
Sei que cheguei a algum lugar
Mas esta terra morta
Era diferente em meu sonho
Vivo, e cheio de cores
Busco um caminho
Uma ponte para a eternidade
Fugir deste deserto longinquo
Na esquina
Uma sombra me chama
Quer ouvir uma mentira bonita
Me embreagar
Me levar pra cama
E um simples "não" me salvaria
Deste calvario de noites vazias

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Coleção

Sobre um armario escolhido
Com muito carinho e zelo
Há um altar povoado
De velhas paixões do passado
Uma é negra e esguia
Com os dentes bem brancos e bonitos
Mas tropeçou e ficou no caminho
Atirado como um bebado maldito
Uma tem os olhos bem verdes
E um sorriso canalha
E de tão canalha
Fugiu para praia com meu melhor amigo
Uma é mulata e infante
Cheia de perguntas estúpidas
Mas o perfume
Hum, disso nunca me esqueço
Uma é bem branca e infame
Inocente, quase um anjo
Com alguma sorte
Talvez eu seja o primeiro
Da coleção de erros na sua estante
...

Plagio

E de tanto que a amava
Terminou, esperando que
Algum arrependimento a fizesse
Recobrar a paixão que morria
Saiu do apartamento, irredutivel
Sem saber que matara aos dois
Em apenas um dia aconteceu
Algo sem concertos se quebrou
A alma o coração ou coisa que o valha
E seu silencio de tão calmo fascinava
E realmente já nem importava
Já passara a fase de se trancar no quarto
Causar preocupação
A verdade é que as coisas de uma hora pra outra
Pararam de fazer sentido
E não sentia fome ou sono
Era como se nem estivesse vivo
Seus olhos fundos davam a impressão
De um oceano, atrás de uma parede de tijolos
E toda essa dor
Não trouxe de volta a mulher
A quem abandonou ainda apaixonado
Um dia de chuva
Um carro desgovernado
E um futuro, morto no passado
...

Querida Carolina

Carolina nunca quis trabalhar
Fazia do mundo sua sala de estar
Tinha planos de ir embora
Para algum país distante
Onde pudesse sentir-se viva
Ignorava o tremendo vazio
Que a esmagava todo o dia
Estava lá, em tudo o que fazia
Já nem sequer dormia
Talvez fosse a depressão
Talvez fosse a cocaína
Talvez os dois, por que não?
Sei que despertou uma tarde
Tomada de paixão
E dos tempos morbidos
Nem restos restaram
Eo rapaz que nem 18 tinha
Também era um pleno vagabundo
Vagando só noite e dia
Sem causa, crença nem rumo
Sem lugar no mundo
E desejava derrepente
Se ver sempre refletido
Naqueles olhos tão castanhos
Em menos de um mês
Carolina o deixou
E do que era o rapaz
Nem resto restou
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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Os Anjos

Eia pombas brancas
Menssageiras do Criador
Carregando nas patinhas
Recadinhos de amor
Para suas viuvinhas
Eia Rolinha branca brincalhona
Distribuindo o afeto divino
Com suaves bicadinhas
Nas bundinhas das freirinhas
Eia Pomba negra grandona
Que voa só a noite em segredo
Roubando de mansino
A inocencia e o medo
Das noivinhas do Senhor
A cada bicadinha
Um Gemido de Louvor
...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Diarréia Verbal

E que me importam teus vizinhos?
Teu trabalho? Teus Sobrinhos?
Te Cala Por favor
Juro que a mim
Isso só incomoda
Mas não!Você é tão simpatico e sociavel
Cheio de opiniões
E por que não?
Adora falar
Divagar horas e horas
Nada consistente (ou sequer consciente)
Mas que adora, Adora!
Que tal se eu fingir que me importo?
Vou ficar aqui
Mastigando minhas resoluções
E fazendo uma careta ocasional
Quando me parecer apropriado
Enquanto isso, Vai com fé!
Vomita verbos como matraca
Pros meus ouvidos Fechados
...

domingo, 24 de agosto de 2008

E Porque Não?

Os olhos se cruzam pelo salão
As luzes piscam Insanas
E o som abstrai qualquer sim ou não
Um sorriso flutua insinuante
Ao que outro se abre surpreso
E se encaram, Ambos presos
Cercando-se num cortejo
Não falam nada
Até por que não escutam nada
E em um instante lépido
As mãos se tocam "sem querer"
- Tu tem fogo?
E a resposta foi um Beijo
...

Multilateralismo

Não faz diferença
E realmente não faz
É simples assim
Se digo "eu te amo"
(e mesmo que de fato sinta)
Pra ti é merda
Não valhe nada
Sou eu quem ama
A você pouco importa
Mas de qualquer forma
Dentro da minha cabeça
eu esperava algum tipo de gratidão
(Idiota não?)
E que te valhe esse meu amor?
Antes fosse algum dinheiro
Ou ao menos um emprego
Ê coisa mais sem sentido
Se eu te amo
Só eu que sinto
Amor então é invertido
Um dia inventam a vacina
...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Bom dia Pedro

Numa Manhã Qualquer
Pedro acordou em sua cama
E nessa manhã enfadonha
Como em qualquer outra
Iniciou Sua série de rituais
Ainda deitado acendeu um cigarro barato
Lembrando-se que em minutos
Teria de reportar-se ao trabalho
Tomou um café de três dias
Meio morno e fraco
Por questão de economia
Fez a barba e cortou-se
Estancando a fenda
Com uma pequena bucha de algodão
Tomou Seu banho sem demora
Vestiu-se com zelo
E antes de Sair
Para que não acabasse por esquecer
Carregou o trinta e oito
E espalhou seus miolos pela sala
...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Romance Noir

I
Sempre que brinco
Acabo me machucando
E isso tem tantos sentidos
Quantos se possam imaginar
A boca rasgada
O olho roxo
A alma pesada
De mais um amor qualquer
Que se foi e não quis voltar
Deixou a porta entre-aberte
Pra poder me ver de longe
E eu que nem olhei
Deixei partir pra não sei onde
Um par de olhos Tristes
...
II
E não Chorei
Tomei um Porre
"-Tudo, tudo minha culpa."
Mais um amor bobo que morre
E mergulhei numa piscina de arrogancia
Fumei Tres carteiras de Orgulho
Bebi Seis Garrafas de lembrança
Beijei a boca da vingança
E esqueci
Deixei de lado os rompantes
Abri a janela
E fui-me embora sorrindo
...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O Palco

Sou um Ator
Interpreto Emoções
Invento Nuances e Sensações
Tenho um Saco Cheio de Frases Feitas
Mentiras Perfeitas
Perfeitamente Sinceras
Que encaixo entre o fim e o meio
Se me Perco
Já Nem Sei o que Sinto
Pois sou Ator e nada mais
Qualquer emoção Seria Improviso
...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Amiga Parca

Tenho Andado Só
Companheiras Boas Parcas do passado
Meus velhos demonios Crias do Enfado
Atam-me na garganta um nó
-
A morte Soturna é Deusa Solene
Uma Falange de Anjos Caídos
Bebem meu sangue e Renascem Ungidos
Na Nascente Mortissa de min'alma perene
-
Tento escapar o Abismo
Banindo a Razão ao Inferno
Rezo ao nada, Santifico o Cinismo
-
Já desconheço à verdade
Cuspo a Virtude
E o que me resta é Saudade.
...

domingo, 3 de agosto de 2008

Póstumo Romance

Os Dias não tinha Qualquer Graça
Ia eu a Caça de novos Perfumes
Sob a luz encantada de Vagalumes
Que se desfaz em Espectros de Fumaça
-
E um Rascunho de Redenção
A mim se parece a Morte
Rezo um anjo da Paixão ou Sorte
Que me Absolva de Minha Razão
-
E tento lembrar teu Nome
Me engasgo com a Rotina
E tudo o que sou Some
-
E nem Lembro de teu rosto
Esmaeceu-se Em minha Memória
Teus olhos Verdes Dois morangos mofados sem gosto
...

sábado, 2 de agosto de 2008

Silencio dos Malditos

Pesada, Constante Solidão
Imerso em uma rotina Qualquer
Sem Sombra de um Anjo Sequer
Sorvendo Hora a hora de meus dias Vãos
-
E isto de ser distante
Não é dor que se sinta aos gritos
O Silencio, Anatema dos Malditos
Não a deixa Transparecer por nem um instante
-
Submerso em Vicios Vulgares
Ja nem Sentindo benção ou Balsamo
Sonhando com Outros Lugares
-
Prisioneiro de Castas eleitas
Mais que Seculares
Eterno Refem d'um tabuleiro de contas perfeitas
...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sonho Morto

Sonho com um dia de Sol
Num Lugar distante que nem Conheço
Triste um sonho ser fim, e não começo
Sonho com um distante dia de Sol
-
Em meu Sonho Sou ainda menino
Não tenho muito nem pouco
A um tempo Sou Astuto e Maroto
Liberto e Libertino

E o Concreto disso tudo
É um plano decizivo
Que se edifica num futuro Mudo
-
Mas ai então serei Já adulto
Meu sonho Hábita o presente
E com ele, morro eu Junto
...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A Arca dos Poetas

Precisamos de poetas
De poetas com urgencia
Poetas Ungidos em sangue
Com linguas ferinas e olhos dementes
Precisamos de poetas
Pra curar Essa doença
Doutores das palavras
Assassinos da indiferença
Precisamos de poetas
Sem cor, casta ou crença
Poetas limpos e cheios de devaneios
Precisamos sufocar essa apatia sufocante
Comer quem nos devora
Levantar um estandarte maluco
Cheio de frases sem nexo
E desenhos absurdos
Precisamos de poetas
Tristes, loucos, confusos e humanos
Reviver um poeta morto uma vez ao ano
Dançar sobre suas tumbas danças primais
Cantar em torno das mesmas fogueiras
Reascender o fogo primevo da juventude
Nossos sorrisos elétricos,
Nossas almas de metal
Dançando no escuro
No Jardim oculto dos sonhos despertos
...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Wide World Web

Um Cinzeiro cheio de idéias
Um café forte, quente, queimando
A hora, já deixa mistos o ontem e o hoje
Um deserto cheio de palavras luminosas
Me conecta ao mundo la fora
Não há ninguém ali,
Vago pelos outdoors que imploram
Um pedaço da minha alma
Vou a mil lugares
E escapo a mim mesmo
Mas permaneço aqui calado
Estático, anestesiado
Permaneço simplesmente
Até o raiar do astro igneo penitente
...
Ao amigão Yuro-kun (neeeerd :B)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

A Era de Aquario

Terminou-se a era de Aquario
Nossas almas lívidas dormem
Num abismo de convenções
Onde foram os jovens de pés descalços
E flores nas mãos?
Não é preciso sangrar pra se sentir mais humano
Cada um tem seu jeito de sentir dor
Quando a solidão já é velha amiga
E a liberdade Aprisiona
Não há pra onde correr
Os campos libertos, são agora Selvas de pedra e aço
Não importa quanto tempo ainda temos
Toda paixão carrega um pouco de ódio
E em meu âmago pulsante
Nada resta, o silencio adonou-se
É meu senhor, e com ele converso
E rio, e choro, e sangro
E sonho, com um passado
Cheio de Flores e canções
...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Negro Amor

Que nas noites encontres descanso
Na ventania lúgubre da partida
Nas sombras dançantes de teu beco sem saída
Que encontres descanso

Eu provarei a pureza, no azul do céu
E provarei de pólvora e estrume no sangue de meu rival
E provarei no vento a liberdade
Inatingível, surreal
Como o amor, um sonho fantástico
Uma idéia Irreal

Na maquilagem de teu rosto, vejo falhas
Vejo a idade de um ancião
Na sabia moldura trincada
No som de teus passos
Na tua respiração
Lá esta, dormente aquela nota esquecida
Aquele acorde dissonante
Aquela discórdia paralítica
Aquele ódio maturado nos mais tradicionais barris

E nesta festa, somos páreas,
Abutres mendigando indiferença
Anjos escuros, sem pátria nem crença
Meninos perdidos
Hienas

...
Á primeira pessoa que significou algo pra mim :)

domingo, 29 de junho de 2008

Louca Sinfonia do Inverno

As ruas, molhadas da garoa ainda caindo
Me enchiam de um romantismo surreal
Caminhei saudando os ventos do inverno
O frio passava por minhas mãos intangivel
Ardendo deliciosamente como se me queimasse a carne
O Cigarro me descia rasgando a garganta,
Devia ser o milesimo, desde que acordara
A fumaça misturava-se a névoa de minha respiração
Andei, soturno encarando quem por mim passava

As ruas, Molhadas da garoa ainda caindo
Tinham um odor que não sei bem descrever
Era o cheiro da mais pura cocaina
Ainda fina como açúcar
E era simplesmente meu corpo
Pedindo mais uma dose
De qualquer remédio pra curar o dia
E a liberdade já ia longe...
E a leveza se foi com ela...
Enquanto Imergia em um poço de angustia calada

As Ruas molhadas da garoa ainda caindo
Continham meus gritos, em cada pedra
Cada Grão de areia
Meus gritos ecoavam
No infinito abismo da minha alma escura

Silencio...
Quebrado somente por meus passos
Andava só, pelas ruas, molhadas da garoa ainda caindo
Sobre meus ombros pesados.

...

Livros

Sei demais, Nada sei
Sou Sócrates, As vezes Platão
E fico negando ser tão Humano
E fico triste por tanto saber
E fico triste por saber tão pouco
Sou Rimbaud, ou talvez seja humano demasiado humano
E sinto, Sinto muito
Sou um alfa?... Um Gama?... Beta?!
Vou comer uma salada de Livros, Sabor Sofia
Ou vomitar essa merda toda que me Sufoca
E que me faz tão nobre, hipócrita e Pobre
Tão Deliciosamente Humano

...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Silencio

Silencio, O mais Absoluto silencio
Faça silencio com as palavras
Com os gestos, os olhares
A espreita, alguém observa tuas falhas

Silencio, doce silencio...
Soberano! Impera a noite,
Devora os lares
Só Quem escuta o silencio
Sabe quanto o silencio valhe

Um mar de silencio,
Cortante como navalha
Ofereço a ti meu silencio
E mais nada

...

A Um certo alguém :)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sagitário

Tenho um aparato
Guardado seguro atrás dos meus olhos fundos
É um instrumento de tortura
O mais vil e abstrato
Ele encanta e captura
É muito sofisticado
Tem mil e uma utilidades
Pode me levar embora
Ou congelar o dia
Como um retrato
Porém esta maravilhosa
Máquina de fazer estragos
Custa caro, Muito caro
E não é de dinheiro que falo
Falo de algo Velado
Que ninguém sabe que possui
Mas que quando se vai
Deixa um abismo no lugar
Este artefato idealizado
É uma mente cheia de prognosticos exatos
Medidos e Calculados
E o preço é maior que a vida
Quanto valhe a vida
De quem tem no peito um buraco?

...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Poetisa do Abismo

Um feitiço, palavras-abismo
Abrindo as portas de um quarto escondido
Dentro da sua cabeça
Você já sabia, estava dormente, Mas ainda vivo
Ela enxerga e cativa a falha mais fulgaz
Aquela que se guarda em silencio
O Ponto cego, calcanhar daquele cara grego
Não é um insulto, é um buraco
No final a gente se apaixona pelos defeitos
O Engraçado é quando a droga surte efeito
Aos poucos vai se perdendo o chão
Ela não conhece essa lucidez de que tanto se fala
Isso é balela, coisa inventada
Ficar louco faz parte da viagem
Um feitiço, palavras-abismo
Um soneto qualquer, nem precisa rimar
O importante é mexer
Fuçar nessa fenda enxague em sangue
Enquando ainda se pode sentir algo
Depois ela morre, a gente esquece um pouco
Mas continua ali, você sabe, ela percebe
Captando qualquer pedaço de poesia
Bebe uma garrafa inteira de lirismos modernos
Achando o elo perdido num desastre organizado
É o fantasma da bruxa
É o Caos personificado
Numa estranha melodia distorcida
Não há quem possa medir, apenas sentir
E no final nem bem importa o começo
Ou sequer os meios
Quando o grito ecoa, sempre há quem ouça
Solidão não é defeito
Nem tampouco paixão
É um pedaço da gente
Ficar louco faz parte da viagem
...
Á amiga e fantástica poetisa Juliana

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Soleil

Mais uma noite em claro
Meu rumo deve estar em algum lugar
Perdido entre as linhas emaranhadas do passado
Um dia encontro, jogado no fundo de alguma gaveta empoeirada
Enquanto isso me perco por caminhos Dubios
Tresloucado numa busca empírica por algo
Que transcenda a dureza do inevitavel
Alguma cura pra minha falta de fé
Um remédio para meu niilismo patológico,
Hereditario, Crônico, voraz, Sanguinario
Ao menos tenho a ti
Um amor inventado
De palavras poucas e olhares calados
E me pego rindo sozinho
No meio da madrugada
Sem café ou cigarros
"É perfeitamente compreensivel"
Se fosse nem seria necessario
...

Ode ao Absurdo

Tenho tudo organizado
Rotulado, Lacrado, Enumerado, Emoldurado
21 gramas Libertas
Flutuando pelos cantos escuros
Do meu quarto abandonado
Tenho uma bandeira
Um signo sob o qual nos unimos
A Lua brilha, a chuva cai mansa
E tudo esta no lugar onde deveria estar
Não devemos Mexer, Manchar, Macular
Não devemos mudar
O Risco é a felicidade
Lançada ao abismo
Rogo, Não se deixem domesticar
Queimarei tudo
As fotos, os fatos
Lavaremos juntos os pratos
Num fim de noite cansado
Um cansaço gordo
Como um riso ou abraço
E queimaremos tudo
A casa, As fotos, Os fatos
...

sábado, 21 de junho de 2008

O Poeta

A rima não domina o poeta
Tão pouco o bom poeta domina a rima
Pois a alma é nota dissonante...
Pois a alma é conta inexata...
Pois a alma é retrato abstrato...
Pois o bom poeta leva a alma no tinteiro
O bom poeta tem a alma na ponta da caneta.
...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Cognhaque

Meu sangue é destilado, como álcool ou veneno
Corre nas minhas entranhas como ácido
Corrói o que há por dentro
Escapa de minha boca áspero
Em forma de palavras
Nas noites sós me lembra aos gritos
De todo esse tempo perdido
Buscando fardas e hinos de todas as tribos
Nos dias quentes me mata devagar
Me faz uivar de desejo pela lua
Pelos prazeres da noite
E do silencio fazer meu discurso
E da solidão fazer meu cortejo
E do fascínio fazer minha arma
Meu martelo de quebrar almas
Da Retidão fazemos troça!
Da rebeldia nosso lema
Sejamos crianças até o raiar do dia
Meninos problema
Atirados nos guetos do lado escuro da vida
Sejamos felizes
mas só até o raiar do dia

...
...Jo Tengo Tantos Hermanos Que no los Puedo Contar...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A Cura

Lixo, Pó e Cinzas
Asquerozo, deita-se sobre uma cama florida de espinhos
Lavra a própria pele sorrindo
Salta e se larga suicida ao chão
Com um riso Inclemente
Implora atenção
Banhado no próprio sangue ignoto
Senta-se a um canto, só
E murmura pesos pra fora da alma
Rezando por um olhar esquivo
Que reconheça sua dor em silencio
Bebe vodka Pura
Devora os filtros vermelhos dos cigarros caros
Escreve a noite poesias impiedosas
Irracivel, Insone
Mastiga as aranhas que povoam
Os marcos enegrecidos dos armarios
A um tempo, é Idolo e Idólatra,
Vital e Suicida, Culto e estúpido,
Criança e Adulto,
Lançado só a penuria do mundo
Ai de mim, rumo a um futuro de Lirismos escuros
Uma orquestra de erros, um soneto de fugas
Uma Tragédia de Lixo, Pó e Cinzas
...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Canção da Inocencia

I
Voa Rebento, Filho ilegítimo dos quatro Ventos
Voa para além dos reinos do Pensamento
No encantador Vale da Memória, Encontra Alento
Voa Rebento, Deixa tuas lagrimas na Rua
Deixa tuas lagrimas em Casa
Pai e Filho, Nasceste póstumo
Teu rumo, a ti não pertence
O ventre Gentil (outrora tua morada)
Agora Invoca Asco que tal Sem par
Deita as pernas de tua Rival, Mente tuas angustias
Mas o que por hora te aperta o peito infantil?
Um Segredo que pertence ao mundo, Já não mais segredo
Ser duas vezes melhor cabe ao diferente
E se Não pudesses, Devorariam-te
Protege-te do Porvir
Esconde-te das Quimeras que rondam o Âmago de teu ser
Tua Alma Juvenil

II
Se Selvagem (arisco)
Mata no sangue tua sede
Fazei da vergonha tua arma
Fazei do ódio teu Irmão
Da Solidão teu escudo E da indiferença teu licor
Tenha-os sempre a teu lado
Fazei deles teus anjos sagrados
Esquece-te da Luz do teu sorriso
Apaga os Sonhos em teus olhos
Ao amor Um escarro

...
A meus pais

terça-feira, 17 de junho de 2008

Avesso

Não sou o classico apaixonado
Não passo horas pensando em você
Ou falo seu nome baixinho
Não faço questão que seja só meu
Não faço questão de ser só teu
Não choro quando acho
Que esta tudo desmoronando
Nem quando me corta com palavras frias
...
Não sou o classico apaixonado
Não fico cego a ponto de andar em circulos
Não escolhi um filme e uma música
Pro nosso romance
Não ascendi velas ou insenços
Não fiz promessas etérnas
Nem disse o quanto te amava
...
Não sou o classico apaixonado
E nem nunca serei
Você é como o personagem de um filme
Que eu sempre gostei
Teu sorriso sempre vai estar lá
Quando eu fechar os olhos a noite
Mesmo que não te veja mais
Que não te sinta mais
Que não te ame mais
Será sempre o Herói fantástico ideal
Cheio de subterfugios e segredos
Mesmo que não seja verdade
...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Concertos Carnais

Andemos atraídos pela energia hermética inerente,
A libido, o diabo, o que for!
Que seja por ódio ou amor
Que seja selvagem como um trovão
Que seja sempre e sempre mais!

A carne arde na noite fria,
Dois corpos ressoando em harmonia
Num ritmo de louca orgia
O odor deliciosamente infernal contaminando a narina
Caricias bruscas que machucam e dão prazer
Buscando penitencia nos braços de outro ser
Buscando 8 segundos de paraíso

...
Ao amigo Fernando (Manfredini)

domingo, 15 de junho de 2008

Mar de Gente

Ter um rosto igual, passar por tantos outros
Todos tão iguais, aqui, ali em toda parte
Pulsam mentes, corre sangue
Milhões de resquicios, pensamentos perdidos
Milhões de olhares de todas as cores
Olhos cinza, sem uma história
Simplesmente lançados ao vazio
Milhões de palavras, gritos mudos
Uma sinfonia de vozes perdidas
E eu vago
Com meu rosto tão igual, entre tantos outros
Todos tão iguais, com meus olhos cinza
Com meus olhos de todas as cores
Com meu sangue pulsante
Independente de tantos outros corações
E meus pensamentos presos nesse vão
Neste atelie de vida, este organismo em chamas
Alheio a tudo, Alheio a todos
Tão soberano quanto o estranho que cruza meu caminho
Vago em silencio
Neste mar de luz

...

Este poema escrevi durante o tempo em que cursei a ulbra... dias de isolamento

Alma

Olhando Através de um caleidoscópio
De idéias quebradas
Só o que se vê são ideais
A verdade da essência dorme
Poucos a vêem no tempo de uma vida
Sabei porem que a arte é o martelo
Que destrói as cenas e as mascaras
Deixando aberta a alma à nua visão
Há quem chore no escuro
E há quem ria da solidão
Mas não...
Não há quem não a veja.
...
Ao amigo Guilherme Ervella (Sancho)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Poema Vadio

Viver é um vício, largar é difícil
Transas etílicas sempre foram parte de mim
e parte dos outros
Nada como uma Foda ética, sexo verbal
A La Platão, Amor transcendental
Sem corpos vibrando
Nem suor nem sangue pulsando
Só o vinho amargo pra contrastar com o incenso
Cenas sobrepostas
Um filme de silêncios
musical Púrpura
Uma história de amores Vadios
Cheios, Ocos, Amor por Amor enfim.
...
A Amiga e Mentora Vanusa

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Dança

Dai-me de beber
Já não aguento essa sede
Sou teu leal carrasco
E administro os venenos
Hora a hora, para que tua podridão
Seja serena e silenciosa
Como o tempo que passa
Deixando Rugas e Flores
Sem métrica ou piedade
Lavrando de cicatrizes minha carcaça
Dai-me de beber
Por Deus só um gole peço
E cruel você me nega
Como quem diz não a uma criança
E depois me banha nas águas do teu intimo
Me deixando novamente esperança
Dança cruel, pois não termina
Há sempre um passo sustenido
Aguardando sua Chance
E eu tolo que sou, Danço.
...

Ao amigo José Kunz

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Poesia Canibal

Você é o que você come
Carne sangue e ossos
Pedaços de bixos mortos
Uma mesa repleta de Corpos
Vamos a caça
Saciar nossa fome morbida
Veja, ainda esta fresco
Quase pulsante
E nas mesas fartas dos necrotérios
a mesma carne
Pensamento aberrante
Faz do homem mais que homem
Um Deus Da Sangria
Predador e presa
Escravo de si
Homem errante nunca desperta
Preso em um mundo de idéias
(Os grilhoes da certeza)
Plantemos corpos
Pra que nossos filhos
Não tenham de comer seus mortos

...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Roda Gigante

Tudo gira em cores desbotadas
De séculos e idéias passadas
Tudo gira aqui dentro
E me divirto
Com os Efeitos desse Louco Veneno
Que me leva de mim
Me faz ausente
Alheio as luzes
Volitando solitario
Entre lírios Recem floridos
Me faz dormente
Ignorante do presente
E aqui dentro só o que me preocupa
É saber onde encosto meu pescoço
Giram luzes, mil flores desbotadas
Gira o céu, enxota-me a terra
Giro eu pra além de qualquer lugar conhecido
Só, girando demente
Entre os lírios recem floridos
Do meu sonho inerte
...
Ao amigo Jhonnie Walker. XD

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O Niilista

Eu sou uma pessoa simples
Procuro não complicar as coisas
A lucidez, pra mim é um estado transitório
E sem dúvidas necessário
Mas quem disser que nunca quis ter o poder
De abstrair a própria existencia
E flanar como um relampago num céu de prata
Estará certamente mentindo
Estou aqui, existo e penso e sinto
E tudo o que eu queria era férias disso tudo
Minha existencia não muda muita coisa
Não vou (e nem pretendo) mudar o mundo
Meus dias são vazios
O mais próximo que já cheguei da felicidade
É ter certeza de que para as pessoas que me são caras
Eu sou uma figura confortante
Houveram épocas em que fui mais intenso
Que causava inveja
Ódio em alguns, paixão em outros
Tinha ideais inabalaveis
Crenças misticas profundas e Liturgicas
Amigos etérnos, e amores pré-destinados
Mas o tempo passa A inocencia se vai esgoto abaixo
A duras penas aprendi que, nenhum ideal é o melhor ideal
Que a fé, é um meio de escapar a morte,
Há quem faça planos para uma vida póstuma,
E esquece de viver a vida bruta
Aprendi que contra a força não há argumentos
Que os amigos não vão estar ali pra sempre
Que o amor é só uma forma diferente de egoísmo
E que o destino não passa de conformismo disfarçado
Me tornei vazio, puro e constante
E me senti satisfeito
Pois vivia um dia de cada vez
Sem longos planos, pois estes não raro caem por água
Sem sentido ou motivo, assim como a existencia em si
Mas tanto tempo nessa clausura serena
Esta me levando ao desespero
Se não tenho motivo
Minha existencia é um paradoxo
Existo inerte
Decidi então procurar novos horizontes
Novas verdades
Mas o niilismo invencivel não permite que eu creia
E sem fé não há expectativa
Sem expectativa não há desilusão
Sem desilusão não há dor
Sem dor... não há nada...
Só o conhecimento liberta
E o conhecimento porém me aprisiona
Não anseio a morte
E nem tampouco uma vida longa
Sou escravo dos meus vicios
E escravo da minha mente
Tento desesperadamente recuperar minha alma
Achei que estava perdida com minha inocencia
Mas ela se perdeu em algum outro lugar
E eu já não tenho mais o que dizer
Não tenho mais significado
A pouco tempo atrás
Pensei ter encontrado a resposta
Me iludi por tempo suficiente
Enquanto meu coração pulsava e me dava um motivo
Mas sem que eu esperace... ele começou a ficar mais lento
E mais lento, até que parou novamente
Me devolvendo a razão e a clareza
Não me arrependo de nada
E prometo repetir o mesmo erro no futuro
É inebriante a paixão
É uma droga
Um veneno
Um remédio
...

Ao amigo Gustavo