terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Âmago

Dentro de nós existe um porto
Cada qual com suas maravilhas e quimeras
Gosto de chamar assim este lugar secreto
Pela razão de que, nenhum porto é deserto
Por mais negro e soturno que seja
Sempre são eleitos
Alguns estrangeiros para habitar o porto dentro de nós
Eles chegam e se vão, em embarcações
Oriundas de seus próprios portos
Pois para se conquistar um lugar dentro de alguém
Devemos conquistar primeiro suas águas
Devemos lançar em mares que desconhecemos
Um pouco de nós, para que assim vejamos com nossos olhos
Toquemos com nossos dedos
Averigüemos com nossos narizes e línguas
O verdadeiro sabor que tem a água e a terra deste novo porto
A principio vê-se só a superfície
Das águas cheia de mistérios
Acobertando a natureza das areias abaixo
Ainda secretas a nossos olhos
Á conquista das águas
Pode ser imediata ou trabalhosa
Alguns mares são bravios e tempestuosos
Outros mansos e tropicais
Outros ainda salpicados de rochedos ameaçadores
Alguns tomados de correntes traiçoeiras
Às vezes quando achamos que se vê terra logo adiante
É apenas uma miragem
Um canto enganoso de sereia
Passadas as águas
Estaremos seguros enfim
Sempre cativos desse porto amigo ou amado
Devemos aprender a conviver com seus nativos
Mantendo nossos portos a eles também abertos
Dentro de ti há um porto
E teus olhos são faróis
Que chamam navios as tuas bahias ensolaradas
Tuas palavras são o mar por onde navegarão os aventureiros
Caso desejem realmente conhecer tuas areias
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