segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Apatia

Pandemia de apatia
Apatia pra todos os lados
Ninguém se importa
Esse é o bordão
O X da questão
Talvez seja melhor
Grande coisa morar na rua
Eu também tenho problemas
E eu com isso que tu ta com fome
Eu trabalho por esse dinheiro
E se alguém morre
No fim é só noticia
Aquelas senhoras de óculos grossos
Olham na TV e dizem:
-Ho Coitado!
E deu, para por ai
Amanhã tem mais um saco de mortos
E no dia seguinte mais e mais
Talvez o problema seja a comunicação
Saber demais sempre fode a cabeça
Já dizia Platão (não, na verdade não)
Pandemia de apatia
Apatia pra todos os gostos
Ninguém se importa
E porque deveria?
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

04:43 am

E o problema talvez
Se resuma a deixar pra traz
Amar... e deixar pra traz...
De qualquer forma
Escapa a qualquer entendimento
Meu entendimento sendo "qualquer"
E é tudo tão natural
Tão natural quanto um abraço
Ou um beijo no rosto
Mas nada mais
Nada demais enfim
E fico lembrando de coisas remotas
Nada remotas
E fico pensando em como seria
Se nos entregassemos por inteiro
E amanhã nem bem soubessemos do outro
Como costumeiramente acontece
Talvez esse deixar pra traz
Seja o que impede tudo
E o "tudo" é o que deixamos pra traz
Vilipendiando a razão desenfreada de um
E acalentando o medo timido de outro
O caso é insoluvel
Como aquario e escorpião
Sagitario e touro
Virgem e leão
E do caso que seria "o caso"
Não temos noticia
É puro boato
Malicia desse povo torto
E ainda assim... não abro mão
De te ouvir dizer não
E sei que não abres mão
De me dizer não também

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domingo, 12 de outubro de 2008

Mil Cores e Mascaras (crônica)

Pintar as unhas, procedimento que leva cerca de meia hora
Isso é claro sem contar o tempo delas secarem
A cor que se escolhe tem sempre um significado
Condizente com o humor ou personalidade
A mim particularmente sempre chamaram mais atenção
As mulheres que não as pintam
Nem tampouco o rosto ou os cabelos
Essas tem um ar mais honesto e jovial (via de regra)
São como são, simplesmente
Despidas de cores espalhafatosas e irreais
E, como tudo o que é espontâneo (ou quase tudo)
São vistas como aberrantes
Há um certo preconceito
Uma revolta contra se ser o que é
Sem se preocupar com as consequências (sejam essas quais forem)
Certas mulheres não saem de casa antes de
Fazer chapinha, pintar e tingir tudo quanto se possa imaginar
Passar glitter, gloss, rimel, perfume
E desfilar porta a fora toda colorida e montada
Como um travesti, palhaço de circo ou gueixa
Vai entender.
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sábado, 11 de outubro de 2008

Preconceito (crônica)

Estamos em 2008, quase 2009 e circula mídia a fora
Um discurso super nobre, Algo do tipo: "Preconceito é babaquice, somos todos iguais."
Papo furado é claro, mas ta por ai, e agora todo mundo anda meio mascarado
Algo do tipo: "Eu não sou racista, mas beijar um negro cruuuuzes que nojo!"
Acho que no fundo preconceito é algo humano, que nem a fé
(você não vê macaco acendendo velas pra Ogum, nem cachorro rezando ave Maria)
O caso é que, até algumas décadas atrás,
Preto não entrava em igreja, e nem jogava bola no Gremio (Deus o livre!)
Bixa? Bixa era transviado, ia pro manicomio (Viva a psicologia!)
Se você for contar quantos brancos tem numa favela vai notar que não são muitos não
O mesmo calculo se aplica na contagem de quantos negros estão em Wall Street
Dando as cartas e mandando chuva.
Aponte pra mim quantos ocidentais negros chegaram a presidencia...
Aponte agora quantas mulheres chegaram a presidencia...
Igualdade é o meu caralho!
Ta tudo no mesmo lugar só o que mudou foi o discurso.
Eu por exemplo sou cheio de preconceitos!
Não gosto de crente, de gente que fuma crack, odeio funk, detesto futebol
E vomito se assistir novela ou filme dublado!
Isso sem falar em metaleiros, pseudo-intelectuais, gente rica demais, gente pobre demais
Gente que não tem dentes, gente porca, politicos, apresentadores de talk show
Pssss... a lista é interminavel!
Preconceito TODO mundo tem, quais são os seus?
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sábado, 4 de outubro de 2008

L'amour

De um dia para o outro
Concretizou todas aquelas
Inuteis e inumeras tentativas
Se via limpo, sóbreo
Nada além de sangue corria em suas veias
Nem mesmo o alcool
Aquele que fora sempre seu companheiro
Voltou a estudar
Arranjou um emprego como professor
Pensou em todas as pessoas
Que trocou pelos vicios
E sentiu-se só novamente
Não que isso fosse novo
Era um lugar comum
Para o qual retornava
Noite ou outra
-
E numa dessas
Acabou por avistar uma menina
Comum assim como ele
Não era perfeita e esbelta
Tinha uma aparencia inteligente e distante
Nada de sintético ou modelado
E ainda assim, tão bonita
E sentiu despertar derrepente
Algo a tempos perdido
Apaixonou-se instantâneamente
Sentado naquele banco de praça
Comendo o sanduíche
Que substituia o seu almoço
E mesmo notando suas resoluções
Renegando essa paixão recem descoberta
Permitiu-se a indulgencia de ama-la
Naquele isntante
Ama-la com os olhos simplesmente
Ela sentava num banco frente ao seu
Lia um livro saboreando-o
Logo se levantou e foi-se embora
Sem sequer lançar um misero olhar de despedida
-
No dia seguinte ele sentou no banco adjecente
Esperou por ela religiosamente
Ela não veio, ele permaneceu
Imaginando se fora só acaso
Dias depois encontrou-a numa festa
Em meio a amigos
Aproximou-se voraz em desespero
Somente para recuar quando sentiu seu cheiro
Sentiu os dentes trincarem ao mero odor da cocaina
Sentiu o estomago embrulhar ao inalar o odor do alcool
E sentiu o coração encolher, Como uma flor que murcha no inverno
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