quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ai meu porto

Cancer, libra, sagitario
Uma elipse sem exatidão alguma
Uma coisa que faz a gente
Se sentir Deus
Faz nadar fora do aquario
Hi-five, cerveja
E uma erva que...
Que esqueci...
Quem sabe deixei
Por ai
...
(Pra amiga Maria Joana)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aquário

Tem os olhos verdes
E as vezes cinza,
E fala bem baixo
É altamente elástico
Não come nada que tenha:
Olhos, alma ou sangue correndo nas veias
Não bebe (muito) ou fuma (cigarros)
Cócegas e camisas furadas
Tem a família levemente trágica
Trágica como a minha,
Um pouco mais quem sabe
E me manda embora
Pra eu não ter que
Brigar na rua pela madrugada
Ele tem um casaco (flanela)
Que eu uso o dia inteiro
É o filho do Zé do porto
E gosta de tudo o que é bom
Chico & Renato
Mora perto dos trilhos do trem
E por uma semana talvez
Ele pertence a mim,
E eu pertenço a ele.
As pupilas dilatam e
Os narizes se encaixam
E é suor e um quadro branco
Cheio de desenhos abstratos
E mil pedaços de madeira & concreto
Um universo dentro de um quarto
um universo do qual às vezes
Ele me fala
E do qual eu faço parte também
Às vezes
...
(Pro Pablito)

satoleP

Acordar pela manhã
Na casa murada de madeira
Uma torre de louça & roupas & camas
Chutando um gato umbilical
Que se aninha nos meus pés
Bêbados ambulantes
Café solúvel italiano ou irlandês
Um palheiro matinal
E quando tudo esta em ordem
Eu sento diante da janela
E alguém me convida pra caminhar
Bebo um café ou cerveja aquariana
Falando de Fellini, Zapata
Chinasky e kurosawa
E essa gente toda que eu não conheço
Tocando um blues caminhante
Numa piscina japonesa
De flores de cerejeira
Os carros param
E no quadrado todo mundo olha
Pra gang do chapéu
Fumando cigarrilhas a beira rio
Bossa e rock inglês
Pôr do sol e resoluções cósmidas
Adivinhando signos imaginarios
E lhes atribuindo mil caracteristicas bizarras
É decididamente uma cidade felina
Um porto longe do meu porto
Pra onde eu vou e volto
Levando comigo mil coisas
Que tem aqui e não tem lá
Tem lá mas não tem aqui
Mochileiro galáctico
Com os bolsos cheios de sonhos
Dançando capoeira
Numa roda anarquista
Cheia de malabaristas e atores pernetas
...

Escorpião

Ele acorda e da um sorriso
E tem um universo inteiro de coisas
Que eu quase nunca entendo
Ele é um guri, que nem eu
Um guri que usa flanela e calças rasgadas
Um guri que anda de cabeça pra baixo
Ele é dele, e eu sou meu
E é meu melhor animigo
Porque a gente briga,
Briga muito
E nem isso nem nada
Faz a menor diferença
Nada disso é verso ou poema
É um réquiem, trilha sonora
Do sonho de um velho safado
Quem sabe um viajante
Miller entenderia, Kerouac também
Caminhando estrada a fora
Pequeno e maciço
Encontrando encanto
Em escombros abandonados
E se eu peço do jeito certo
Ele ouve Queen
E diz que "gosta de mim"
E que eu já sei disso
Mas eu gosto de ouvir
Por que não posso dizer
Eu gosto de ficar deitado só
Enquanto ele detona punk e magoa
Quarto & casa a fora
Chamam ele de maluco - diariamente
E ele caminha até Córdoba
Pra escapar de algum demônio asteca
Que faz ele ser estúpido e explodir
Quando eu falo algo que quebre a regra
"Regra?"
...
(Pro amigo Henrique Wopala)