terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

De punhos cerrados

Eu concentro em um ponto cego no meio da testa
Toda a indiferença e iniqüidade
Toda a dor e magoa,
Todo problema sem solução,
Todos os traumas de infância,
Toda a miséria da existência
Até que essa bolinha imaginaria exploda
Meu corpo se torna uma máquina
Ele não responde mais aos meus comandos
Não assisto o processo
Ele se move como foi programado
Desliza milímetros entre punhos e cabeças
Seus punhos voam como martelos
Em todas as direções
Não vejo meus adversários
Os olhos captam cada movimento
O corpo responde pontualmente
Concentrado em minimizar os danos
Manter a máquina funcionando
Eu não sinto dor, se apagam os miasmas
Não sinto pena ou meço injustiça
Não vejo o que meu corpo destrói
Sequer vejo quantos rostos se contorcem
Liberto uma criatura que se alimenta de violência
E quando recobro a consciência
Uma sensação de leveza me envolve
Enquanto abro meus punhos cerrados
...

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